domingo, janeiro 08, 2006

Sobre interação

É interessante. Um amigo meu escreveu, dizendo que foi passar o reveiom (sim, reveiom) em Sampaulo, e que encontrou uma garota lá: a garota. "A" garota. Mas que agora ele está preocupado com reciprocidade, ainda que a garota tenha tido uma boa interação com ele, e demonstrado interesse.
Claro que, também, a distância move com os sentimentos dele, provavelmente, despertanto dúvidas atrozes...
Eu tenho tido dificuldades de interação. Dificuldades em retorno. Parece que, quando alguém toma a palavra, outros à volta param de falar. Não digo que devam todos falar ao mesmo tempo, mas às vezes eu me questiono se tem alguém lendo este blog, e isso é muito desagradável para o escritor, e muito simples de resolver para o leitor.
Bastaria dizer "oi!, estou aqui", mas as pessoas, em geral, optam por silêncio. Um mau hábito do mundanismo pagão das pessoas.
"Pagão" vem da palavra pagus, "aldeia", "vila". O termo surgiu entre os romanos em oposição à vida do soldado. Pagus, "povoado agrícola" opunha-se a castra, "povoado militar". As pessoas não sabem que manter relacionamentos não é muito diferente de estar numa guerra: se a pessoa fica parada, o relacionamento para de existir. Pelo menos relacionamentos à distância. Isso não significa que o escritor para de escrever, pois o escritor não escreve apenas para quem lê, mas também para si próprio, ou, se escreve apenas para quem lê, bem posso dizer que o escritor é leitor das coisas que escreve, o que significa que sabe que, pelo menos um leitor assíduo e fiel ele tem! :^)
Entretanto, mesmo para o paganismo, esse silêncio é um demonstrativo de fracasso, pois, se relacionamentos podem ser comparados a uma atividade agrícola, seja a mais simples, como cuidar de uma flor, de um bambu ou de um cacto, até as mais complexas, como cuidar de um olivedo ou de um figueiredo, isso também exige trabalho, o que não acontece por parte da maioria das pessoas.
Uma vez mais, para o escritor isso não será letal, pois o escritor tem, pelo menos, a si mesmo como derradeiro leitor. Mas aqueles que lêem anonimamente, e nunca se manifestam nunca podem participar da alegria de ser, junto com o escritor, agente da construção deste novo mundo da escrita.
Um dia desses, disse, em comentário a um amigo, na internet, que abrir fronteiras sempre ofereceu obstáculos naturais. Imagino como não deve ter sido para os fidalgos e mercenários com bandeiras nas mãos, para fundarem Sampaulo, Sabará, Vila Rica... É certo que, em alguns lugares, iam em busca de ouro. Em outros, contudo, iam achando que encontrariam ouro, mas encontraram apenas um pôr de sol bonito, como é o caso da Califórnia. O que não é mal, de todo! :^)

0 "TAMBÉM QUERO FALAR!" / É, só que agora EU NÃO VOU DEIXAR!

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