Paradoxo de Narnya
(ou o paradoxo do crítico)
O crítico não perdoa. O crítico observa os aspectos técnicos do produto-produção, e atribui graus, conceitos.
Quando o crítico é arrastado por sua própria compaixão, deixa ele de ser crítico?
Concluo que nenhum crítico consegue ser crítico com relação a todas as obras concebidas, e que os desenhos da mentalidade de um tempo podem estar de acordo ou não com a opinião de uma pessoa, e que até hoje eu havia sido, como crítico, irrepreensível.
Não posso, contudo, apresentar uma mera atribuição de grau à realização cinematográfica de As Crônicas de Narnya: O Leão -- A Feiticeira -- O Guarda-roupas... por causa da minha compaixão.
Parece simples, mas não é. E tem sido difícil pensar sobre isso, desde que o filme acabou, e que comecei a ouvir de pessoas que deveriam manifestar satisfação pelo filme um discurso exatamente oposto ao que eu esperaria de suas maneiras de ser observáveis. E por causa de razões técnicas.
Vivo num mundo estranho. Parece-me que não sou deste mundo. Ou então não sei ser cruel, pelo menos não com a minha consciência.Ou talvez seja simplesmente observável -- para mim -- que o trabalho de Clyde Lewis e o de John Tolkien põem-se de pé lado a lado na existência. Talvez os homens possam dizer "um é melhor" ou "pior". Eu digo isto: Tolkien falou sobre paganismo; seu amigo, Lewis, sobre o mistério do cristo no universo pagão.
Ou talvez eu seja apenas um profeta romântico, querendo, pela crítica, salvar dois homens que, brincando, escreveram sobre coisas sérias na escatologia... Pelo menos aos olhos de um homem quase pagão que vê tudo com olhos de lembrança do dia que não viu, em que céus e terra tremeram, e foi rasgado um véu em algum templo oriental, desconhecido aos celtas...
Diz um leão... "Se ela conhecesse o verdadeiro significado do sacrifício...", num meio discurso que cito...
Digo eu... "Se ela conhecesse, se ela apenas conhecesse o verdadeiro significado do sacrifício..." e, bem: conhecerá... Conhecerá.
Dentre as muitas coisas que pensei, estas foram as que escrevi.
0 "TAMBÃM QUERO FALAR!" / Ã, só que agora EU NÃO VOU DEIXAR!
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