sábado, dezembro 10, 2005

(Natal)

Publico algo que escrevi a amigas em uma lista no yahoo, este ano.

(Certa vez, ano passado, quero dizer, escrevi isto a amigos numa outra lista no yahoo, que eu tinha, então...)

(...) E eu não acredito tanto assim que Cristo nasceu em 25 de dezembro, porque eu tenho um amigo religioso que fica me confundindo com algumas verdades que ele descobre da história... (Não estou reclamando...)

Ele escreveu isto, eu traduzi. Não é uma versão exata, mas o essencial está passado, e eu apenas escrevi de um modo a acrescentar informações características da língua portuguesa.
25 de dezembro?
Quando foi que Jesus nasceu? Será que alguém realmente sabe? Cristãos do início não tinham certeza. Cipriano pensou em 28 de março, Clemente de Alexandria supôs 20 de maio, Hipólito propôs 2 de junho. Se esses cronistas cristãos do início (terceiro centênio), que viveram perto do tempo de Cristo, tinham que calcular a data do nascimento do senhor, como acontece que podemos nós estar mais certos do que eles?

AS ORIGENS DA CELEBRAÇÃO DO NATAL: “O HOMEM QUE VEIO CHAMINÉ ADENTRO”
Eu me lembro da noite. Estava um frio arrepiante, especialmente para a Flórida, e papai tinha acendido o fogo na lareira. Embora eu tivesse apenas sete anos de idade, imaginei que aquilo seria um certo desconforto para o alegre homem que viria, mais tarde naquela noite se espremendo pela chaminé abaixo. Tomei, então, a coragem de de perguntar ao meu pai: “papai... o Papai Noel realmente existe?”. Fiquei devastado. Dúvidas começaram logo a inundar meus pensamentos, quando à existência do [1], do coelhinho da Páscoa, e até mesmo de Deus em pessoa! Em anos posteriores, aprendi que o Papai Noel (também conhecido como Pai Natal, Santa Claus, Father Christmas, Saint Martin, der Weihnachtsmann, Père Noël...) era uma corruptela rudimentar de um São Nicolau, um bispo Católico Romano do quarto centênio. Seus atributos (vestimenta, renas e trenó, residência no Pólo Norte) derivam de uma mistura de lendas pagãs com tradições sobre santos. Céus!

[1. “the Stork”?]

Os pastores
De acordo com II Teófilo, nos Bíblia, (as pessoas chamam “evangelho de acordo com Lucas”), os pastores estavam “pastoreando nos campos, olhando por seus rebanhos, à noite”. Mas na Judéia romana (atual Israel), nesta época, como o tardar de dezembro, época tradicionalmente designada para a celebração do “Natal”, é uma época de frio na região. É a estação das chuvas. Não seriam encontrados pastores morando nos campos no período de inverno, e menos ainda à noite. É portanto, improvável que Jesus tenha nascido depois de outubro. De onde veio, então, a noção de que ele nasceu em 25 de dezembro?

História de Roma
Em 274 a. D., o imperador Aureliano, influenciado pelo culto persa de Mithras, designou o 25 de dezembro como o “aniversário” do deus sol, “Sol Inuictus” --- o Invencível Sol. (Na tradição Mithraica, a divindade nascera em 25 de dezembro, e era celebrada por doze dias. Isso soa familiar?) Em alguns círculos de adoração do sol, houve confusão com adoração ao Filho, por causa de Apolo, deus greco-romano relacionado ao sol, que era filho de Júpiter, divindade principal entre os romanos. Então, em 354, Libério de Roma ordenou que a celebração do Natal se tornasse um ritual de festejos. Tal decreto foi popular entre os romanos, que já vinham celebrando os Saturnalia (12-24 de dezembro), bem como os Brumalia (25 de dezembro) --- tempos de casamentos, e de trocas de presentes. As casas eram decoradas com verdumes, e luzes festivas (então, velas). Presentes eram dados às crianças e aos pobres. Sim, a celebração do Natal tem origens pagãs. E, acima de tudo isso, não é o preciso aniversário de Cristo.

História teutônica (ou germânica antiga e medieval)
Como os romanos, os povos teutônicos também tinham suas celebrações do solstício de inverno. A idéia era de que o deus do sol estava morrendo, ou que estava morto, e que havia algumas coisas que cada pessoa devia fazer de modo a, conforme seu procedimento, apressar a recuperação do mundo do torpor do inverno. Como os dias se estendiam até por volta do 22 de dezembro, havia grande alegria e festejos. Milhares de anos de história teutônica dão sua contribuição aos adereços do Natal, e esses adereços se difundem com os povos da Europa central, Gália e ilhas britânicas. No [2], comiam-se bolos especiais, [3] eram queimados como um incentivo ao sol [4], árvores eram adornadas com luzes em honra aos espíritos das árvores, presentes especiais e cumprimentos eram trocados, muitos iam [5], e obviamente, havia o ‘azevim’ (?) [6], debaixo do qual permanecia e começava (apenas com um beijo, lembro-lhes) a maravilhosa correria noite adentro da algazarra pagã. E imaginem que tudo isso estava acontecendo muito antes de Cristo ter nascido.

[2. Yuletide?, tempo do Yule?]
[3. Yule logs?, diários de Yule?]
[4. as an incentive to the waxing sun]
[5. many went a-wassailing?]
[6. mistletoe?]

Compras de Natal
Que seria da celebração do Natal sem a louca correria às compras, tão características da cidade de nossos dias? Vejamos o que diz Libânio, um escritor romano do quarto centênio, em sua descrição de uma cena pré-cristã, em Roma: “Em toda parte podem se observar mesas bem montadas. I impulso ao consumo alcança a todos. Aquele que havia tido o prazer de poupar durante todo o ano torna-se, de súbito, extravagante; um rio de presentes pupula pra fora das casas, de todo lado”. Sim, o “espírito” do Natal, muitas vezes sustentado pelo grande negócio de se vender presentes, adereços, pacotes e cartões de natal não é nada novo, mas uma antiga tradição, honrada pelo tempo.

Considerações conclusivas
Vimos, portanto, que o “Natal” é, essencialmente, 100% tradição --- e não-cristã, mesmo nisso. Entretanto, tradições são condenadas pelos Bíblia apenas se elas contradizem diretamente a palavra de Deus. Jesus nos deu como mandamento lembrarmo-nos da sua morte, porém, não há mal em comemorar sua entrada no mundo. Como um dos poucos que agora compreende as origens históricas deste feriado, você, que me lê, pode agora apreciar esta época de um modo mais... “iluminado”? Assim sendo, tenha um bom natal!

Quando recebi isso, repliquei, perguntando se era um presente de natal, e ele respondeu um tempo depois, dizendo, “sim, um tipo de presente...”.

Com amor para Cindy, Maldy e Sil.

Gustavo.
Rio, 25 dez.

(Eu passo isso a vocês, amigas, neste dezembro de aD 2005. Guga.)

Feliz natal para todos.

Guga Olivieri,
Rio, dezembro de 2005.

2 "TAMBÉM QUERO FALAR!" / É, só que agora EU NÃO VOU DEIXAR!

Blogger L. fala mesmo assim...

Não sou catolica e abomino épocas festivas que nem estas. Seja natal, pascoa, dia dos namorados e ano novo. Abomino.

dezembro 10, 2005  
Blogger Gustavo_livreiro fala mesmo assim...

A propósito, Lis,

que bom que alguém lê as publicações longas...

Pensei que todo mundo era como eu: só lê as curtas...

:^)

(Ah, nom tenho paciência nom!...)

Gg

dezembro 10, 2005  

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